A natureza é marcada pela aleatoriedade e pela indiferença, condenando os animais ao presente. A política, ensinava Aristóteles, permitiu ao ser humano superar esse destino biológico e criar hierarquias de valores. Hoje, porém, a civilização revela sua falha quando a política transforma a violência em técnica e objetivo. Achille Mbembe chamou isso de necropolítica: o poder de decidir quem vive e quem morre, instaurando mundos de medo e “mortos-vivos”. No Brasil, sua lógica se mostra nas operações policiais, na exibição pública de armas e cadáveres, e na produção cotidiana do medo.

A felicidade não é uma fórmula universal, mas uma busca singular. Kant lembrava que desejar um mundo exatamente como queremos só nos leva à frustração. A filosofia, de Sócrates a Epicuro, não promete respostas prontas, mas perguntas que transformam. Descobrir o que realmente importa — e ordenar os desejos em função disso — é o verdadeiro caminho do autoconhecimento.

Aristóteles criou as regras da boa trama — mas, se visse a nova Vale Tudo, desligaria a TV. Em vez de heróis e catarse, sobrou um elenco de cínicos perdidos num enredo sem alma. A novela virou o retrato perfeito de um tempo em que ninguém aprende nada — e tudo soa falso.

Uma simples caneta BIC revela um mundo de formas, etimologias e memórias. Do hexágono do corpo ao azul da tampa, ela conecta filosofia e infância. Ao tentar escrever, descubro que penso mais do que a caneta risca.

Mais que um juízo moral, a corrupção é entendida como uma prática que mina a capacidade do direito de organizar a vida pública. Seu limite, no entanto, é fluido: o que em uma sociedade é visto como estratégia legítima, em outra pode ser condenado como corrupção.

A condenação de Bolsonaro foi justa e necessária para preservar a democracia, mas não é motivo de festa. Celebrar a derrota do outro só aprofunda divisões e transforma o luto alheio em espetáculo.